Dance my Song

De há dias para cá dou comigo num sufoco constante.
É estranho que num tão pouco espaço de tempo consiga ver o quanto evoluí como pessoa. O quanto estou mais madura. O quanto preciso cada vez mais de mim. O quanto as nossas prioridades mudam. Crescimento e evolução... como o seu significado mudou.
Eu quero sentir, quero viver... quero tudo agora.
Cada vez mais sinto que preciso do meu espaço, das minhas coisas, de uma vida... não me estou a queixar do que eu tenho. Sei que no fundo até sou uma sortuda por tudo o que tenho e sou hoje em dia.
Não é isso.
Tenho 29 anos, estou de novo sem emprego e não tenho nada meu! E isto dá cabo dos meus nervos. Porque não sou uma inútil, não sou uma parasita da sociedade, não sou uma infeliz, nem tenho medo de trabalhar.
Anseio chegar a minha casa, arrumar as minhas coisas, ter o meu espaço ao meu gosto, cuidar das minhas plantas, receber os meus amigos no meu espaço, ter o meu cãozinho de estimação, chegar a casa carregada se sacos do Pingo Doce, ter alguém que me dê um beijo, que sente ao jantar e pergunte como foi o teu dia, quero arreliar-me com a roupa que tenho para passar, com os vizinhos, quero transformar o meu espaço vezes sem conta, quero aumentar a família e mais que ninguém... ser Mãe. Quero tanto orientar a minha vida mas não me permitem. E não percebo bem porquê.
Há dias em que penso que ainda não chegou a hora e tenho muito para viver... mas outros em que penso: caramba, à minha volta todos parecem começar a endireitar as suas vidas e eu não estou a conseguir endireitar a minha. A todos os níveis.
Sou Mulher e mais que tudo sei fazer as pessoas felizes... isso é uma certeza que tenho na vida. E quem está ao meu lado, modéstia à parte, tem uma sorte do caraças em me ter na sua vida.
Mas será que dá para me darem um pouquinho mais de sorte em tudo na vida? Só durante uns tempos para eu ser uma Mulher normal aos 29 anos?
Não é por falta de vontade... nem por burrice.
Dizia o Pacman no 5 para a meia-noite que hoje em dia por mais vontade que se tenha, por mais profissional e óptimo profissional que se seja, hoje em dia já não é suficiente. E estas palavras ficaram. Porque esta é a verdade! Eu que trabalhei sempre arduamente, que sempre fui boa no que fiz... sim é verdade e eu sei disso, caramba! Eu que me esmifrei e dou o corpo e a alma em tudo o que me envolvo... chega ao fim dos contratos e puff... nem mais um mês!
Recebi um mail aqui à tempos de um senhor director de uma produtora que me dizia: "repara bem na ironia da tua situação: depois de andares a ajudar pessoas agora tocou-te a ti... não imaginas como lamento...". Acho que diz tudo, não diz?
Dá para me ajudares a ser feliz?